segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Organizando as rebeldias, lutando pela vida contra as oligarquias avança a Juventude Comunista Paraguaia.

Organizando as rebeldias, lutando pela vida contra as oligarquias avança a Juventude Comunista Paraguaia. Nos dias 26 e 27 de setembro realizou-se na cidade de Itá (40km de distância de Asunción) o III Congresso da Juventude Comunista Paraguaia (JCP), onde reuniram-se cerca de 95 delegados de quatros departamentos do país, para debater e avançar nas lutas da juventude paraguaia na complexa conjuntura que se desenha no pais após quase um ano de Governo Lugo. Sob o lema “Organizando rebeldias, pela vida contra as oligarquias” os delegados presentes iniciaram o congresso aprofundando o debate sobre a conjuntura internacional com especial atenção ao continente latino-americano e os processos de avanço nas lutas populares e da classe trabalhadora como são os casos da Bolívia, Venezuela, Equador e Nicarágua. Ao contrário de muitas organizações de juventude em nosso continente que jogam todo o peso da luta no cenário institucional, convertendo-se praticamente em sub-secretarias do Governo de plantão; a JCP constrói sua política de forma independente ao Governo Lugo, procurando acumular forças junto aos movimentos sociais e populares no sentido da construção de espaços do Poder Popular, como é o caso do assentamento Comuneros, localizado no departamento do Alto Paraná, onde dezenas de famílias organizam a produção sob uma lógica coletiva e socialista, criando assim uma referência importante no movimento dos trabalhadores rurais no Paraguai no sentido da construção de uma contra-hegemonia. Esta independência que diferencia a JCP das demais juventudes organizadas no país a faz tornar-se uma referência que cresce entre a juventude paraguaia, nas lutas que se travam no país nesta quadra da história, marcando a diferença com as demais organizações juvenis como a Juventude do P-MAS (Partido Movimento ao Socialismo) que converteu-se em um braço das políticas do Governo Lugo para dentro do movimento social, estabelecendo uma relação de cima para baixo, não contribuindo desta forma nas lutas reais do povo paraguaio. A política acertada da JCP se expressa na leitura que os camaradas fazem dos processos que vem ocorrendo no Brasil, na Argentina e no Uruguai caracterizados como de “governabilidade democrática” definindo-os como “próximos a um esquema social-democrata, mas com uma tendência a preservação e um intercâmbio bilateral com o Império e concomitantemente, uma preservação maior do capital transnacional (como o caso de Itaipu que beneficia o capital transnacional) ”. No que refere-se à conjuntura nacional a JCP, assim como o Partido Comunista Paraguaio, adotam uma postura de atitude critica ao Governo Lugo, com uma postura independente, não assumindo nenhum compromisso institucional, como cargos em secretárias ou ministérios, travando a disputa contra a oligarquia paraguaia através da organização dos trabalhadores e dos movimentos sociais. Os camaradas, porém, não incorrem no erro de isolarem-se na luta política adotando qualquer postura sectária. Há o reconhecimento da importância e da particularidade do momento histórico que atravessa o Paraguai, com o final da hegemonia de mais de sessenta anos, pelo menos no poder executivo, do conservador Partido Colorado. A vitória de Lugo, no ano passado, abriu perspectivas de mudanças e criou um cenário de uma forte e crescente agudização entre as forças reacionárias e as forças progressistas que vem colocando em jogo os rumos que o país pode tomar. Ao mesmo tempo que a conjuntura sofreu mudanças, o Governo Lugo vem adotando políticas que garantam a “governabilidade” e isso significa, na prática, redução de impostos aos setores empresariais, a privatização das estradas nacionais, a criminalização e repressão dos movimentos sociais, principalmente no campo, e a falta de perspectivas com relação a reforma agrária. O Paraguai foi o país da América do Sul que sofreu a maior queda no PIB, devido à crise econômica mundial, principalmente pela queda nos preços das matérias primas e de produtos agrícolas no cenário internacional, esta situação aprofunda as lutas sociais e coloca novas perspectivas para os trabalhadores paraguaios. A resposta dos setores dominantes já foi dada: mais repressão, mais exploração e mais concentração da riqueza. A resposta dos trabalhadores paraguaios tem sido organização e a luta, que aponta para uma democratização radical que amplie a participação popular; uma reforma agrária com protagonismo dos trabalhadores e a recuperação da soberania nacional, especialmente sobre Itaipu e sobre os territórios ocupados pelas transnacionais da soja. Estas bandeiras tem sido levantadas pelo PCP e pela JCP, que vem contribuindo na construção do Espaço Unitário Popular (Frente de esquerda voltada para a luta de massas não constituindo-se como uma mera coligação eleitoral) e jogando um papel fundamental na luta de classes no país. A União da Juventude Comunista fez-se presente no III Congresso da Juventude Comunista Paraguaia, de forma militante e solidária o que tem caracterizado as relações entre as duas organizações historicamente. Sabemos do protagonismo que tem a JCP no cenário paraguaio e o quanto é importante aprofundarmos o internacionalismo, pois a superação dos graves problemas que sofre o povo paraguaio está diretamente vinculada às lutas e os avanços que nossas organizações têm de travar nos respectivos cenários nacionais. A nova direção nacional eleita durante o III Congresso da Juventude Comunista Paraguaia enfrentará uma conjuntura difícil e ao mesmo tempo promissora para a juventude e a classe trabalhadora paraguaia, os possíveis avanços nas lutas e nas conquistas dos setores oprimidos não serão fruto exclusivo da JCP, mas não há como falar em mudanças e compreender os possíveis processos de transformação no Paraguai, sem levar em conta o papel que jogam os jovens comunistas. O salto qualitativo que representou o III Congresso representa a esperança presente em um dos tanto cantos entoados pela Juventude Comunista Paraguaia que “en Paraguay se puede, la Revolución hacer!”. Rodrigo Lima Secretário de Relações Internacionais União da Juventude Comunista

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