segunda-feira, 26 de abril de 2010

Manifesto ao 58ºCONEG da UNE

MANIFESTO AO 58° CONEG DA UNE
A União da juventude comunista na qualidade de fundadora da união brasileira dos estudantes (UNE) apresenta para a juventude brasileira, em especial ao conjunto dos estudantes, seu manifesto sobre as discussões que envolvem o 58° CONEG da UNE realizado no Rio de Janeiro dos dias 22 a 25 de abril. Primeiramente, repudiamos veementemente a falta de mobilização através da construção de acordos meramente cupulistas que cerceiam a organização de espaços que pertencem ao conjunto dos estudantes. Porém, não acreditamos que tais práticas políticas sejam meramente fruto de erros de condução ou “má fé” por parte da direção da UNE, tais práticas são um produto político e de opções de projetos que acreditamos estar em disputa na sociedade brasileira. Vivemos em um consenso formado historicamente pela burguesia brasileira, através de diversas ações coercivas e truculentas combinando com ações persuasivas junto a toda sociedade, construindo uma hegemonia de tipo burguesa. Consenso, no qual, se aprofundou fortemente no governo Lula, através do seu projeto de “pacto social” e a incorporação e controle de diversos movimentos sociais afim de “amortecer” qualquer alternativa aos modelos dominantes. Hegemonia que se sustenta na supressão do protagonismo das mobilizações e organizações populares, substituindo-se simplesmente por um conjunto de ações dentro da institucionalidade burguesa. A UNE vem seguindo este amoldamento à ordem dominante, configurado de forma mais clara através do seu apoio irrestrito ao governo Lula e suas políticas educacionais como, por exemplo, o PROUNI - projeto no qual revitaliza o setor privado na educação - além do seu atrelamento político ao governo em detrimento da mobilização dos estudantes e formulação de projetos alternativos a atual lógica de nossa sociedade. Defendemos que o movimento estudantil e suas entidades representativas sejam independentes, autônomos de governos e que recupere o seu senso crítico e formulador presente em outros tempos. Entretanto, acreditamos que tal transformação não se dará apenas em um fórum ou congresso, mas sim, através de uma intensa mobilização e reflexão nas BASES do movimento estudantil. São nestas estruturas políticas que se situam as atuais conjunturas de disputa institucional no Brasil, materializadas para o conjunto da população brasileira através das eleições. E dentro deste consenso que citamos, se apresentam duas candidaturas( PT-PC do B-PDT-PSB-PMDB-PTB-PP x PSDB-PPS-DEM) no campo do capital, sem contradições antagônicas, com discussões políticas superficiais e puramente administrativas a serviço do capital monopolista.Por isso, defendemos que o movimento estudantil reflita e apóie campanhas que façam o contraponto a este consenso, através de alternativas e políticas concretas de superação da atual ordem, campanhas MOVIMENTO e de qualificação do debate político que tenham a perspectiva da construção de uma FRENTE ANTICAPITALISTA E ANTIIMPERIALISTA, para além das eleições e que una partidos políticos, entidades da sociedade civil, movimentos sociais e populares, em torno de um programa conjunto de intervenção e superação do capitalismo. No plano internacional, repudiamos o recente tratado de cooperação assinado pelos governos brasileiros e norte-americanos que pode se concretizar na instalação de uma base dos EUA de inteligência no Brasil visando frear os processos de transformação na América Latina principalmente Venezuela e Bolívia, por isso achamos que é de grande importância o movimento estudantil e as forças antiimperialistas, na sua totalidade se posicionarem e participarem das mobilizações em torno da bandeira: FORA QUALQUER BASE NORTE-AMERICANA NO BRASIL! Outra questão conjuntural de suma importância são os recursos gerados pela descoberta do pré-sal, defendemos a reestatização da Petrobrás, sob controle dos trabalhadores; monopólio estatal do petróleo; fim da ANP e dos leilões, com a retomada das áreas leiloadas às multinacionais; busca de uma matriz energética menos poluente. Qualquer proposta de geração de recursos para a educação deve ser pautada nesta base para nós comunistas. Por fim, acreditamos que seja possível construirmos uma alternativa a atual lógica que é reproduzida no movimento estudantil, propomos a construção de um projeto estratégico de universidade que rompa com a lógica mercadológica da educação, a divisão excessiva do saber, e realmente aprofunde a participação e diálogo da produção de conhecimento com a sociedade, são estes princípios concretos que sustentam a nossa idéia de Universidade popular. Obviamente tal projeto em sua luta, deve embarcar setores para além do movimento estudantil para a sua viabilização real em um amplo movimento, por isso conclamamos aos estudantes debaterem a formulação deste projeto que visa se contrapor radicalmente ao modelo de universidade estabelecido pelo consenso vigente em nossa sociedade, e a partir destas reflexões, mobilizações e ações concretas reconstruirmos o movimento estudantil brasileiro e suas entidades representativas, resgatando a sua criticidade e proposições para a sociedade.E não vamos esquecer que o hoje pode nascer do jamais dito pelas idéias dominantes...
“Quem se atreve a dizer: jamais? De quem depende a continuação desse domínio? De quem depende a sua destruição? Igualmente de nós. Os caídos que se levantem! Os que estão perdidos que lutem! Quem reconhece a situação como pode calar-se? Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã. E o "hoje" nascerá do "jamais".” Bertolt Brecht- Elogio a dialética

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