sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A POSIÇÃO DO PCB SOBRE O SEGUNDO TURNO


Entrevista, ao vivo, com Ivan Pinheiro

Entrevistador: Paulo Passarinho

Programa Faixa Livre – Rádio Bandeirantes- Rio de Janeiro



Dia 22-10-2010





Paulo Passarinho – Eu tenho a honra de anunciar, para os nossos ouvintes, a presença aqui na ponta da linha, do candidato do Partido Comunista Brasileiro, PCB, à Presidência da República nas últimas eleições, Ivan Pinheiro. Bom dia.



Ivan Pinheiro – Bom dia, Paulo. Bom dia, ouvintes do Faixa Livre.



Paulo – Vamos conversar hoje a respeito, inicialmente, dos resultados do 1º turno. Como você avalia estes resultados? Cá para nós, eu acho que a esquerda sofreu uma bela derrota, hein, Ivan?



Ivan – Foi uma vitória da direita, que tentou e conseguiu excluir a esquerda revolucionária, a esquerda socialista, a esquerda que não se rendeu, de qualquer possibilidade de aparecer, inclusive na televisão, em jornalões e tal.

No nosso caso, a chapa própria não era o plano A, que era fazer uma grande frente que ultrapassasse, inclusive, os partidos registrados no TSE, no campo da esquerda, para tentar criar uma alternativa permanente, uma frente permanente. Mas isso não sendo possível, optamos pela chapa própria. E você é testemunha e os ouvintes também que, desde o primeiro momento do registro, nós dissemos que não estávamos fazendo uma campanha propriamente eleitoral, mas uma campanha política. E que íamos analisar o resultado não apenas do ponto de vista matemático, mas do ponto de vista político, do saldo que deixou. E nós achamos que, apesar desta derrota numérica, o saldo foi positivo. E eu acho que esta fragmentação pode ter ensinamentos para as forças de esquerda; já estão surgindo condições para entendimentos, para possibilidades futuras.



Paulo – Agora, Ivan, é verdade que a esquerda que não se rendeu, conforme você apontou, teve muito pouco espaço nos meios de comunicação, particularmente o PCB, o PSTU...



Ivan – E o PCO também.



Paulo – Agora, o que eu ia falar é que, destes partidos, o PSOL teve um espaço, não idêntico, evidentemente, aos três candidatos defendidos pela grande imprensa, o Serra, a Dilma e a Marina. Mas o Plínio teve uma exposição. É interessante! Nas eleições de 2006, a Heloísa Helena teve quase 7% dos votos. Agora, o Plínio não conseguiu, inclusive sendo um nome muito respeitável, não conseguiu sequer 1% dos votos. Você não acha que isso é muito grave, não só para o PSOL, mas para toda essa esquerda que, conforme você disse, não se rendeu?



Ivan – Realmente, a votação do PSOL este ano ficou bem aquém em relação à de quatro anos atrás. Mas tem que levar em conta que, há quatro anos atrás, quando foi a Heloísa Helena, além de ter sido uma frente ampla, de várias forças políticas, havia toda uma emoção em torno da candidatura dela. Ela tinha pontificado naquela CPI do mensalão, que todos assistimos, até de madrugada, aqueles debates... Então, ela tinha uma mística. Heloísa Helena, eu acho que foi um fenômeno eleitoral. Esses partidos (PSOL, PCB e PSTU) já não tinham voto naquela eleição. Quem teve voto foi a Heloísa Helena. Igual ao PV agora. O PV não tem 19% de votos. Eu acho que a Marina foi, em 2010, o fenômeno eleitoral que a Heloísa foi, em 2006. Realmente o Plínio teve mais espaço. Até porque tem um dispositivo recente na legislação, que o favoreceu. As emissoras de televisão podem convidar todos os candidatos, mas só são obrigadas a convidar os dos partidos que tem representação eleitoral.

Eu acho, Paulo, que a burguesia brasileira conseguiu o que queria, o seu sonho. Eles americanizaram as eleições brasileiras. Se você pensar bem, essa polarização que vai acontecer agora no dia 31 já existe há 16 anos no Brasil. Em 2006, o PCB, um mês depois das eleições, alertou a esquerda: “olha, em 2010 vai acontecer a mesma coisa”. E não deu outra. Estamos diante de um segundo turno anunciado.



Paulo – E é de acordo, inclusive, com o interesse de setores que apostam que os tucanos possam retornar ao governo depois de um 1º turno, onde, inclusive, alguns órgãos que apoiavam o José Serra haviam admitido a própria derrota do mesmo. E aí, eu quero saber, justamente, essa posição do PCB, onde há muita gente aqui... Eu ouço aqui no programa, contestando. Eu acho que a posição que o PCB defende, talvez seja igual à da maioria do PSOL, que se diferencia da posição do PSTU. Agora, eu queria que você colocasse aqui para os nossos ouvintes a posição do Partido Comunista Brasileiro.



Ivan – É uma boa oportunidade nesse espaço democrático e para esse público progressista. Nós somos e continuaremos a ser oposição ao governo petista. Os oito anos de governo Lula não têm nada de socialista. A política econômica é a mesma: é um governo que serve ao capital. Ele ganha de FHC, inclusive, em índices macroeconômicos. Talvez ele tenha alavancado mais o capitalismo que ninguém no Brasil.

Mais ainda existem algumas diferenças entre PT e PSDB. Na nossa leitura, elas estão se diluindo, estão cada vez menores. Mas ainda existem algumas diferenças que nos fazem indicar Dilma no segundo turno, sem qualquer entusiasmo. Não é um apoio acrítico, como a esquerda reformista está dando, sem qualquer reparo, sem qualquer crítica. O que é um absurdo! Convalidam todos os oito anos de governo Lula e dão um cheque em branco para a Dilma continuar ou piorar esse projeto social-liberal.

Essas diferenças que ainda vemos são as seguintes, Paulo. Uma delas é a questão da política externa. Não é que a política externa do Lula seja anti-imperialista, socialista. Não, nada disso. Ela é apenas menos ruim que a política externa que faria o Serra. As restrições que este tem à política externa do Lula são à direita. As nossas são à esquerda. Nós achamos que essa política externa é a mesma velha política da burguesia brasileira para transformar o Brasil numa grande potência capitalista. Só que os dois lados operam esta política de uma maneira diferente. A do Serra, a do PSDB, é pior, porque expressa setores burgueses mais integrados ao imperialismo norte-americano. No governo Lula, a política externa teve mais independência, para favorecer outros setores burgueses que vem se expandindo em outros países. De certa forma. Lula ajudou a enterrar a ALCA. Mas, por outro lado, ele boicota a ALBA.

Na questão da privatização, também há diferenças. Serra privatizaria mais que Dilma, como FHC privatizou mais que Lula. Mas tem que ser dito que o governo Lula também é privatizante. Implantou as PPPs, a ANP continuou funcionando; dos dez leilões do petróleo, seis foram feitos no governo Lula. Esse marco regulatório do petróleo que está sendo saudado aí nas ruas pelo lulismo, ele é apenas um pequeno avanço com relação ao anterior, pois só garante à Petrobrás 30% do pré-sal.

Agora, há uma diferença importante, que temos que levar em conta. Diz respeito à luta de massas: a criminalização dos movimentos populares e da pobreza, a questão democrática. Nesse tema, não restam dúvidas. Num governo Serra, a criminalização vai ser intensa. Tanto é assim que ele vai para a televisão e diz que quer um campo sem boné do MST. O PCB hipoteca a sua mais irrestrita solidariedade ao MST. Este é um ponto que nos sensibiliza muito. Ambos os projetos são do campo do capital, mas a candidatura Serra é da direita política. Agora, deixando claro: o nosso voto é contra o Serra. É um voto crítico na Dilma.



Paulo – É. Fica perfeitamente entendido. Inclusive, vocês tem uma palavra de ordem que eu achei muito interessante que é “derrotar Serra nas urnas e depois derrotar Dilma nas ruas”. É sobre isso que eu queria explorar. Com esta situação da esquerda, da esquerda que não se rendeu, me parece que esse isolamento dessa esquerda não se dá apenas no plano eleitoral. Ele se dá no plano dos movimentos sociais. Você pode ponderar que o governo Lula tem uma política de cooptação espetacular. O problema é o seguinte: esta é a vida que nós estamos tendo. O que fazer?



Ivan – Há um sentimento, nessa esquerda que não se rendeu, inclusive no PCB, de que o próximo governo, seja qual for, vai ser pior que o governo Lula. Na nossa avaliação, também levamos em conta isso. Um governo Serra pode ser pior ainda, mas o governo Dilma pode ser pior que o governo Lula, do ponto de vista da esquerda. A crise do capitalismo está se agravando, está se espalhando pela Europa. Por mais que no Brasil se diga que aqui a crise não vai chegar, você sabe melhor do que eu que há um risco sério. Num governo Dilma, o PMDB vai ter um peso maior que no governo Lula. O vice-presidente do Lula é o José de Alencar, que fica só reclamando de juros. Enquanto o vice da Dilma é da máquina do PMDB, que já tem seis ministérios no governo Lula. Imagine quantos terá num governo Dilma.

Mas queremos dizer o seguinte: nós, do PCB, estamos muito mais próximos dos companheiros que estão com o voto nulo do que os que estão com o voto acrítico em Dilma. Nós respeitamos, como legítima, a posição dos companheiros que estão propondo o voto nulo, mas achamos que neste caso estão incorretos. A maioria dos documentos propondo o voto nulo tem uma contradição. Começam dizendo assim: não queremos que os tucanos voltem, o FHC foi um terror e tal. Reclamam do governo Lula, com toda a razão, e concluem com o voto nulo. Se não queremos que voltem os tucanos, usando uma expressão italiana, vamos “tampar o nariz” e votar na Dilma.

Nós achamos que quanto pior, pior; não quanto pior, melhor. É disso que se trata.

Os companheiros da esquerda que estão com o voto crítico ou com o voto nulo estarão muito mais próximos de nós, nas lutas, nas ruas, do que os que estão com o voto acrítico em Dilma. Porque estes, se Dilma vencer, vão continuar conciliando, babando o ovo do governo, que é um governo social-liberal.



Paulo– Bem, é isso, Ivan. Acho que ficou absolutamente bem entendida a posição do Partido Comunista Brasileiro e eu te saúdo por este esforço que você fez aí, à frente do PCB, para manter uma campanha presidencial no 1º turno, que nós sabemos que foi bastante difícil. Espero que a gente possa colher frutos num futuro próximo. Confesso que me preocupa muito a situação brasileira.



Ivan – Mas veja só, Paulo Passarinho. Se estivéssemos na França, na Espanha, há um ano atrás, também não estaríamos desanimados? E olha o povo nas ruas... Porque a crise do capitalismo vai se agravar e a luta de classes vai voltar com força, o sindicalismo também. Eu não tenho a menor dúvida. Eu só queria, se você me permite, dizer como o PCB opera este apoio crítico à Dilma. É absolutamente unilateral. Não conversamos com ninguém. E não participamos da campanha, dessa campanha acrítica, que vai para as ruas, em passeatas, louvando o governo Lula e dando um cheque em branco ao eventual governo Dilma. Não! Nós deixamos claro que estamos votando no menos ruim. E que vamos continuar na oposição, lutando por uma frente anticapitalista e anti-imperialista permanente.



Paulo – Obrigado, Ivan. Um abraço.



Ivan – Obrigado, Paulo.















Transcrição: Maria Fernanda M. Scelza

terça-feira, 19 de outubro de 2010

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Derrotar Serra nas urnas e depois Dilma nas ruas

(Nota Política do PCB)

O PCB apresentou, nas eleições de 2010, através da candidatura de Ivan Pinheiro, uma alternativa socialista para o Brasil que rompesse com o consenso burguês, que determina os limites da sociedade capitalista como intransponíveis. As candidaturas do PCO, do PSOL e do PSTU também cumpriram importante papel neste contraponto.

Hoje, mais do que nunca, torna-se necessário que as forças socialistas busquem constituir uma alternativa real de poder para os trabalhadores, capaz de enfrentar os grandes problemas causados pelo capitalismo e responder às reais necessidades e interesses da maioria da população brasileira.

Estamos convencidos de que não serão resolvidos com mais capitalismo os problemas e as carências que os trabalhadores enfrentam, no acesso à terra e a outros direitos essenciais à vida como emprego, educação, saúde, alimentação, moradia, transporte, segurança, cultura e lazer. Pelo contrário, estes problemas se agravam pelo próprio desenvolvimento capitalista, que mercantiliza a vida e se funda na exploração do trabalho. Por isso, nossa clara defesa em prol de uma alternativa socialista.

Mais uma vez, a burguesia conseguiu transformar o segundo turno numa disputa no campo da ordem, através do poder econômico e da exclusão política e midiática das candidaturas socialistas, reduzindo as alternativas a dois estilos de conduzir a gestão do capitalismo no Brasil, um atrelando as demandas populares ao crescimento da economia privada com mais ênfase no mercado; outro, nos mecanismos de regulação estatal a serviço deste mesmo mercado.

Neste sentido, o PCB não participará da campanha de nenhum dos candidatos neste segundo turno e se manterá na oposição, qualquer que seja o resultado do pleito. Continuaremos defendendo a necessidade de construirmos uma Frente Anticapitalista e Anti-imperialista, permanente, para além das eleições, que conquiste a necessária autonomia e independência de classe dos trabalhadores para intervirem com voz própria na conjuntura política e não dublados por supostos representantes que lhes impõem um projeto político que não é seu.

O grande capital monopolista, em todos os seus setores - industrial, comercial, bancário, serviços, agronegócio e outros - dividiu seu apoio entre estas duas candidaturas. Entretanto, a direita política, fortalecida e confiante, até pela opção do atual governo em não combatê-la e com ela conciliar durante todo o mandato, se sente forte o suficiente para buscar uma alternativa de governo diretamente ligado às fileiras de seus fiéis e tradicionais vassalos. Estrategicamente, a direita raciocina também do ponto de vista da América Latina, esperando ter papel decisivo na tentativa de neutralizar o crescimento das experiências populares e anti-imperialistas, materializadas especialmente nos governos da Venezuela, da Bolívia e, principalmente, de Cuba socialista.

As candidaturas de Serra e de Dilma, embora restritas ao campo da ordem burguesa, diferem quanto aos meios e formas de implantação de seus projetos, assim como se inserem de maneira diferente no sistema de dominação imperialista. Isto leva a um maior ou menor espaço de autonomia e um maior ou menor campo de ação e manobra para lidar com experiências de mudanças em curso na América Latina e outros temas mundiais. Ou seja, os dois projetos divergem na forma de inserir o capitalismo brasileiro no cenário mundial.

Da mesma forma, as estratégias de neutralização dos movimentos populares e sindicais, que interessa aos dois projetos em disputa, diferem quanto à ênfase na cooptação política e financeira ou na repressão e criminalização.

Outra diferença é a questão da privatização. Embora o governo Lula não tenha adotado qualquer medida para reestatizar as empresas privatizadas no governo FHC, tenha implantado as parcerias público-privadas e mantido os leilões do nosso petróleo, um governo demotucano fará de tudo para privatizar a Petrobrás e entregar o pré-sal para as multinacionais.

Para o PCB, estas diferenças não são suficientes qualitativamente para que possamos empenhar nosso apoio ao governo que se seguirá, da mesma forma que não apoiamos o governo atual e o governo anterior. A candidatura Dilma move-se numa trajetória conservadora, muito mais preocupada em conciliar com o atraso e consolidar seus apoios no campo burguês do que em promover qualquer alteração de rumo favorável às demandas dos trabalhadores e dos movimentos populares. Contra ela, apesar disso, a direita se move animada pela possibilidade de vitória no segundo turno, agitando bandeiras retrógradas, acenando para uma maior submissão aos interesses dos EUA e ameaçando criminalizar ainda mais as lutas sociais.

O principal responsável por este quadro é o próprio governo petista que, por oito anos, não tomou medida alguma para diminuir o poderio da direita na acumulação de capital e não deu qualquer passo no sentido da democratização dos meios de comunicação, nem de uma reforma política que permitisse uma alteração qualitativa da democracia brasileira em favor do poder de pressão da população e da classe trabalhadora organizada, optando pelas benesses das regras do viciado jogo político eleitoral e o peso das máquinas institucionais que dele derivam.

Considerando essas diferenças no campo do capital e os cenários possíveis de desenvolvimento da luta de classes - mas com a firme decisão de nos mantermos na oposição a qualquer governo que saia deste segundo turno - o PCB orienta seus militantes e amigos ao voto contra Serra.

Com o possível agravamento da crise do capitalismo, podem aumentar os ataques aos direitos sociais e trabalhistas e a repressão aos movimentos populares. A resistência dos trabalhadores e o seu avanço em novas conquistas dependerão muito mais de sua disposição de luta e de sua organização e não de quem estiver exercendo a Presidência da República.

Chega de ilusão: o Brasil só muda com revolução!

PCB – PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO

COMITÊ CENTRAL

Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Cultura - Rage Against The Machine dedica música para o MST



Sábado 09 de outubro. Itu, São Paulo, festival pelo meio ambiente chamado SWU. Independente da qualidade da maioria dos artistas brasileiros, a maioria não dão a mínima aos movimentos sociais e, um artista americano, em nosso país dizendo "this song is for our brothers and systers of MST: People of the Sun", ou seja, está música é uma dedicatória ao MST: People of the Sun, mostra que existe ainda mentes e corações abertos a uma uma nova sociedade e ficamos felizes em saber que a nossa luta é reconhecida.



Confira o som abaixo:



http://www.youtube.com/watch?v=KS_q5iZ63Ho&feature=player_embedded#!

sábado, 9 de outubro de 2010

UJC PARTICIPA DO SEMINÁRIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

Convocar um seminário nacional do Movimento Estudantil não é tarefa fácil. Para aqueles que já participaram de algum evento do tipo sabem que pouco do que se encontra ali pode servir para potencializar a militância local. As primeiras impressões que vêm à cabeça? Desorganização, atrasos gigantescos, conferências sem grandes divergências e, principalmente, ausência de espaços para o debate sobre nossa atuação cotidiana. Diante desse cenário, é compreensível que os Centros Acadêmicos e Diretórios Centrais escolham, entre a realidade do seu curso/universidade e uma grande confusão burocrática, a primeira opção. Mas há antagonismo entre atuação local e atuação nacional?

Que a maioria dos encontros nacionais do Movimento Estudantil sejam parecidos com os descritos acima não significa que não possam ser diferentes. Há que perguntar, antes de tudo, o porquê do atual formato de tais espaços. No que toca à União Nacional dos Estudantes, a burocratização e a falta de democracia são, de certa forma, funcionais à política da entidade. De mãos dadas com o Governo Federal há pelo menos 8 anos, a direção majoritária da UNE (PCdoB e aliados) não tem mais sua razão de ser no vínculo com CA’s, DCE’s e estudantes do país, mas na capacidade de servir como disseminador das propostas do governo para a universidade. Não é à toa o descaso da maioria dos estudantes brasileiros por sua máxima entidade representativa, pois ela realmente não os representa! Neste cenário, os congressos e fóruns da UNE servem apenas para dar um “toque” democrático a propostas que vêm formuladas desde cima, de sua direção em estreito vínculo com o Ministério da Educação. A função do estudante nesses espaços?Cadastrar-se e aguardar ansiosamente o momento de levantar seu crachá.

Por outro lado, porém, os setores críticos a atual política da direção majoritária da UNE e da política educacional do governo pouco têm conseguido avançar em uma REAL unidade de ação. Aqui, a autocrítica é indispensável. Anos de fragmentação e a emergência de novas forças políticas em diversas universidades do país expressam a crise de uma maneira de fazer política estudantil. Já não é possível operar na forma de uma mecânica imposição das pautas nacionais sem consideração pelas diferenças locais. Todas as universidades brasileiras padecem dos mesmos problemas gerais. Cada situação concreta, porém, apresenta peculiaridades e dinâmicas próprias que precisam ser respeitadas se o objetivo for o de recuperar a participação política dos estudantes de forma massiva e democrática.

Da mesma maneira, é preciso superar a interpretação vulgar dominante de que não há diferenças entre a política educacional de Lula com a de FHC. Se bem ambas compartilhem o mesmo projeto de aprofundamento de um modelo universitário colonizado, mercantilizador e alheio aos problemas fundamentais do país, há diferenças significativas que não podem ser eludidas, principalmente em relação ao impacto que as medidas do governo atual têm na juventude. Não é à toa a boa aceitação de políticas como o Prouni e, inclusive, o REUNI entre os estudantes: ampliar vagas e dar possibilidade de estudos àqueles que de outra forma não o teriam soa, obviamente, como iniciativas muito bem-vindas! O Movimento Estudantil deve denunciar e combater tais medidas, mas sem olvidar que a tática deve mudar em função da consciência geral a respeito delas.

Como se apresenta, então, a solução para os atuas dilemas do Movimento Estudantil e em que um Seminário Nacional pode auxiliar nesta tarefa?

Primeiramente, o ME não padece de uma “crise de direção”. Não é a inexistência de uma entidade nacional “verdadeiramente combativa” o que limita nossa atuação. O Movimento Estudantil sofre de insuficiência de movimento estudantil! Que a recuperação do seu protagonismo nas universidades não se trata de um ato voluntarista já se sabe: a atual conjuntura política e econômica nacional favorável permitiu certo adiamento da crise do ensino superior e propiciou um clima de otimismo generalizado quanto ao futuro. A política estudantil neste cenário é particularmente difícil, mas apresenta, contraditoriamente, uma nova oportunidade, a de reiniciar o trabalho político desde a base – a sala de aula, das questões mais elementares à sua articulação com os problemas essenciais da universidade brasileira, dos quais aqueles não são mais que expressão destes últimos. A função mais importante do Seminário deve seguir, portanto, esse caminho: constituir-se como um instrumento impulsionador da militância nas universidades.

O convite do Diretório Central dos Estudantes da UFSC para a participação dos Centros Acadêmicos no Seminário Nacional é conseqüência da participação efetiva da entidade na construção deste espaço e da confiança de que todos os DCEs, CAs e coletivos estudantis que participaram de sua concepção caminham juntos e com os mesmos objetivos. Estamos seguros de que aqueles que forem a Uberlândia não verão “mais do mesmo”. Para o DCE, um encontro deste tipo só será frutífero se for, antes de tudo, um espaço de diálogo, troca de experiências, dúvidas, idéias de renovação. Deve ser também radicalmente horizontal: em vez de plenárias gigantescas, pequenos grupo de discussão, onde a palavra não fique restrita às “lideranças” e todos tenham direito a expor seus pontos de vista.

Superar a fragmentação do Movimento Estudantil crítico só será possível a partir do momento que se estabelecerem pautas conjuntas que não venham artificialmente formuladas das direções, mas que sejam expressão dos desafios mais candentes que cada universidade apresenta. Se o Seminário for o primeiro passo deste desafio – e temos certeza de que é –, poderemos sonhar com novos e renovados tempos para o ME no Brasil.

Todos a Uberlândia!


Programação

Dia 9 de Outubro - Sábado



9:00 - 12:00 - Credenciamento



14:00 - 17:00 - Mesa de Abertura

- Apresentação da dinâmica do seminário

- Apresentação das entidades e grupos presentes

- Informes



19:00 - 22:00 - Mesa: Análise de Conjuntura

- Representante do MST

- Representante da CSP-Conlutas

- Representante da Intersindical

- Prof. Nildo Ouriques



Dia 10 de Outubro - Domingo



9:00 - 12:00 - Debate: Função da universidade e a universidade que queremos

- Facilitador: Roberto Leher



14:00 - 17:00 - Debate: O Plano Nacional de Educação ao longo da história.

-Facilitadores: Representante do ANDES e Luiz Araujo.



19:00 - 22:00 - Debate: PNE: Avaliação e propostas.

-Facilitadores: Representante do ANDES e Luiz Araujo.



Dia 11 de Outubro - Segunda

9:00 - 12:00 - Debate: Movimento Estudantil, desafios e perspectivas.

- Discussão em GDs



14:00 - 17:00 - Ato Público



19:00 - 22:00 - Reunião Final

- Documento de sistematização das discussões;

- O que fazer agora? Ações unificadas e encaminhamentos consensuais



*Os debates com facilitadores funcionarão com uma exposição inicial do facilitador, discussão em pequenos grupos e socialização das discussões, priorizando o debate e a participação de todos os estudantes presentes.





CHARGE SOBRE O SERRA!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A Juventude Comunista Colombiana expressa solidariedade e apoio à senadora Piedad Córdoba


04 Outubro 2010
Contra a criminalização do direito de opinião e da busca pela paz:
Rechaçamos a destituição e a inelegibilidade da senadora Piedad Córdoba!

Não é surpresa o anúncio do senhor Procurador Geral, Alejandro Ordoñez, de sancionar à senadora Piedad Córdoba com o indeferimento de sua posse parlamentar e sua inelegibilidade por 18 anos à cargos públicos. Em meio à esquizofrenia coletiva alimentada pelos grandes meios de comunicação, das comemorações delirantes da guerra e da morte, se promove um duro golpe nos movimentos sociais pela paz e pelo acordo humanitário.

Queremos alertar a todas a forças nacionais e internacionais sobre esta nova onda de perseguições. O governo Santos revela seu espírito militarista e autoritário, fiel à cartilha de seu predecessor. Diante desta ofensiva, a postura das organizações sociais e populares é correta, respondendo com protestos e mobilizações.

A Juventude Comunista Colombiana expressa toda sua solidariedade e apoio à senadora Piedad Córdoba. Nossa organização continuará batalhando pelos direitos da juventude, pela soberania, pela justiça social e pela paz democrática.

COMITÊ EXECUTIVO CENTRAL

Bogotá, 28 de setembro de 2010

Fonte original: http://www.pacocol.org/index.php?option=com_content&task=view&id=6511

Tradução: Maria Fernanda M. Scelza

sábado, 2 de outubro de 2010

GOIÁS


JUVENTUDE COMUNISTA VOTA 21!

Comitê Central da Juventude Comunista do Equador




O Comitê Central da Juventude Comunista do Equador rechaça de maneira firme e categórica os trágicos acontecimentos ocorridos em nossa pátria no dia de ontem, quando se iniciou um suposto protesto das tropas policiais devido aos cortes das bonificações sociais em seus salários, terminando com uma clara intenção de dar um Golpe de Estado buscando derrotar o Presidente da República Rafael Correa.

Hoje se conhece que desde dias atrás estavam circulando nos quartéis jornais convocando os membros policiais e as forças armadas a alçar-se contra o governo que contariam com o respaldo da oposição legislativa e da direita política equatoriana.

Denunciamos ao povo e ao mundo que o verdadeiro diretor do acontecimento de ontem é o imperialismo que há décadas vem penetrando nas forças policiais através de organismos como a USAID e PROJUSTICIA por meio da aludida “assistência técnica” , como já denunciou no passado recente o Presidente Correa em ocasião do bombardeio em Angostura por parte das forças armadas colombianas. Imperialismo que não perdoa o rechaço da Base de Manta e que constantemente vem conspirando para deter o processo de transformações no Equador.

Deploramos o falecimento de cinco pessoas até o momento e mais de duzentos feridos nos graves acontecimentos de ontem. Deploramos assim mesmo os atos de saqueio ocorridos no porto principal e que não são outra coisa que as conseqüências da crise estrutural do capitalismo que alcança inclusive a esfera dos valores.

Felicitamos o povo equatoriano que uma vez mais demonstro sua tradição de luta, seu desprezo as ditaduras e sua disposição de avançar ao futura de soberania plena, democracia autêntica e vida digna, materializadas em uma sociedade de novo tipo.

Felicitamos também a militância da juventude comunista, de haver sido os primeiros em mobilizar-se a defender o processo de transformações políticas que vivemos em Equador.

Chamamos com a mesma firmeza o povo equatoriano e as forças progressistas do mundo a estar alertas frente s ameaças que se cernem a nosso povo e a tirar as melhores lições da jornada de 30 de setembro que permitam dar um salto de qualidade e de conteúdo ao processo equatoriano.



Fraternalmente:



Comitê Central – Juventude Comunista do Equador

Guayaquil, primeiro de outubro de 2010.

Ivan Pinheiro 20

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

MINAS GERAIS



FÁBIO BEZERRA - GOVERNADOR - 21

ALEX LOMBELLO AMARAL - DEPUTADO FEDERAL - 2121


SANTA CATARINA

Federação Mundial das Juventudes Democráticas - FMJD

Budapest 30 de septiembre del 2010



La Federación Mundial de Juventudes Democráticas, ha recibido la noticia de intento de golpe de Estado que se esta realizando en Ecuador por fuerzas de la polícia de conjunto con la fuerza aerea y la fuerza patriotica que liderea Lucio Gutirerrez, en un intento por derrotar el proceso de cambio que se viene dando en le país.

Estamos ante un intento de repetir la sucedido en Honduras y estamos seguros que el imperialismo yanqui, de conjunto con la burgesía sumisa del país, esta detras de todas estas sucias maniobras, por destuir el proceso de cambio encabezado por el Presidente Correa.

La Federación Mundial de Juventudes Democráticas, expresa su total repudio y condena el intento de golpe de estado, reitera su apoyo incondiciaonal al gobierno ecuatoriano y convoca a todos sus organizaciones miembros y amigas a sumarce a la solidaridad mundial y marchar en frente de todas la embajadas ecuatorianas del mundo en apoyo la Revolución ciudadana encabezada por el Presidente Correa y al querido pueblo ecuatoriano que lucha por construir una sociedad mejor con amplia participación para todos.

Buro Coordinador de la FMJD

REPÚDIO À TENTATIVA DE GOLPE NO EQUADOR

A Casa da América Latina protesta veementemente contra mais este ataque à democracia no Equador e conclama todos os povos democratas do planeta a banirem esta torpe tentativa de rasgar a constituição deste tão sofrido país.
Que se levantem, com firmeza, as vozes e as ações concretas, especialmente dos latino americanos, para extirparmos completa e definitivamente a doença autoritária contra nossos povos e a serviço do cruel imperialismo.
As minorias da direita equatoriana, ora lideradas por segmentos da guarda pretoriana, algoz do povo que lhe sustenta, mais uma vez se julga acima da lei, do direito e da justiça e trai a Pátria que jura defender.
A Casa da América Latina espera que a UNASUL e o MERCOSUL se manifestem prontamente e que a incoerente OEA tente se reconciliar com os povos do nosso continente, dando um basta a mais esse ataque à ordem constitucional desse país irmão.
Bradamos, principalmente, que manifestações populares se multipliquem em todos os recantos onde houver vida e disposição para a luta. Honduras Nunca Mais